quarta-feira, 3 de junho de 2009

Biografia de Carlos Chagas


Há 69 anos, morria Carlos Justiniano Ribeiro Chagas, ou simplesmente Carlos Chagas. O médico e sanitarista nasceu em 9 de julho de 1879, na cidade de Oliveira, oeste de Minas Gerais, e ficou órfão de pai aos 4 anos. Interno no Colégio dos Jesuítas em Itu e, depois, em São João Del Rey, fez o preparatório para a Escola de Minas em Ouro Preto, atendendo ao desejo de sua mãe, que queria vê-lo formado em Engenharia.

Aos 16 anos, porém, sua verdadeira vocação se manifestou e, em 1897, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Concluído o curso, escolheu como tema de sua tese o "Estudo Hematológico do Paludismo (1903), o que o colocou pela primeira vez em contato com Oswaldo Cruz. Apesar de sua admiração pelo sanitarista, Chagas recusou um convite para permanecer em Manguinhos, por se sentir atraído pela clínica.

Em 1905, realizou a primeira campanha de profilaxia contra a malária, em Itatinga, interior de São Paulo, conseguindo em pouco tempo controlar o surto. Foi a primeira campanha antimalárica bem sucedida na história desta doença. Seu método consistia em observar e descrever minuciosamente a transmissão intra-domiciliar da malária. O resultado desse trabalho serviu de base para o efetivo combate à moléstia no mundo inteiro.

Voltando de São Paulo ingressou, em 1906, nos quadros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), onde trabalharia durante toda a vida. No ano seguinte, foi enviado por Oswaldo Cruz, junto com Arthur Neiva, para combater uma epidemia de malária em Xerém, na Baixada Fluminense.

Em fins de 1907, encarregado por Oswaldo Cruz, Carlos Chagas viajou, com Belisário Penna, para Lassance, arraial quase às margens do Rio São Francisco, onde a malária devastava o acampamento dos trabalhadores da E. F. Central do Brasil. Instalou sua casa e seu laboratório em um vagão de trem.

No povoado, observando a infinidade de insetos hematófagos, barbeiros, alojados nas paredes de pau-a-pique das moradias, decidiu examiná-los. Encontrou neles um novo parasito, que chamou de Trypanosoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. Verificou que o parasito era patogênico para animais de laboratório e descobriu sua presença em animais domésticos. Paralelamente, Chagas já havia detectado nos habitantes da região alterações patológicas inexplicáveis. Começou então a pesquisar as ligações entre o novo parasito e a condição mórbida daquela população.

A 23 de abril de 1909, Chagas descobriu pela primeira vez o parasito no sangue de um ser humano: uma menina de três anos, Berenice, em plena fase aguda.

O trabalho de Chagas é único na história da medicina: inicialmente, a descoberta do agente patogênico, depois, seu estudo e, finalmente, a descrição da moléstia por ele provocada - tudo isso realizado por um único pesquisador. Foi ele ainda o primeiro a descortinar a importância social da nova doença, entre as endemias que assolavam o País.

A repercussão de sua descoberta foi enorme, tanto no Brasil quanto no exterior. A Academia de Medicina, fato singular em sua história, fez de Chagas membro extraordinário, já que, naquele momento, não havia vaga disponível. "O descobrimento desta moléstia constitui o mais belo exemplo do poder da lógica a serviço da ciência. Nunca até agora, nos domínios das pesquisas biológicas, se tinha feito um descobrimento tão complexo e brilhante e, o que mais, por um só pesquisador," diz Oswaldo Cruz.

O prêmio Schaudinn, conferido ao autor do melhor trabalho sobre protozoologia realizado até então, e que só havia sido dado ao cientista Prowaseck, foi outorgado a Carlos Chagas em julho de 1912, como homenagem do Instituto de Doenças Tropicais de Hamburgo, na Alemanha.

Sua obra, porém, não se restringiu à doença de Chagas. Foi o primeiro a descrever as lesões da medula óssea na malária, descobriu novos e importantes transmissores e revolucionou sua época ao afirmar que a malária era uma infecção domiciliar, o que provou posteriormente com o sucesso de suas campanhas.

Ainda em 1912, Chagas realizou uma expedição ao vale do Amazonas, fazendo um completo levantamento médico-sanitário e das condições de vida dos habitantes daquela região.

Ao morrer Osvaldo Cruz em 1917, Chagas assume a direção do Instituto de Manguinhos. No ano seguinte, foi chamado pelo governo brasileiro para chefiar a campanha contra a epidemia de gripe espanhola, que assolava o Rio de Janeiro. Em seguida foi encarregado pelo presidente Epitácio Pessoa de elaborar um novo código para a Saúde Pública. O novo regulamento, uma segunda reforma sanitária, foi aprovado em 1919 e entrou em vigor a partir de 1920. Criava o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), em substituição à antiga Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), responsável pelos serviços sanitários terrestres, marítimos e fluviais e pelos serviços de profilaxia rural.

Designado chefe do DNSP, criou diversos serviços especializados de saúde, como o de higiene infantil, de combate às endemias rurais, à tuberculose, à hanseníase, às doenças venéreas. Criou ainda escolas de enfermagem e estabeleceu a formação de médicos sanitaristas. Em 1925 foi nomeado professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Lá, criou a cadeira de moléstias tropicais e estabeleceu as bases do estudo de higiene em nosso país. Além disso, Carlos Chagas representou o Brasil em vários comitês internacionais, principalmente como membro permanente do Comitê de Higiene da Liga das Nações.

Na direção do instituto, Chagas criou seções científicas definidas por áreas de conhecimento e ampliou o programa de cursos de aplicação para a especialização de pesquisadores dedicados à medicina experimental. Nesse período, o IOC assumiu o controle de qualidade de medicamentos para humanos e o preparo e distribuição de quinina, e incorporou o Instituto Vacinogênico Municipal do Rio de Janeiro, onde eram produzidas as vacinas antivariólicas.

Com o falecimento de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas foi nomeado diretor do IOC, onde deu seqüência aos trabalhos do mestre. A partir de então, o cientista se dedicou à carreira administrativa e à educação de uma nova geração de médicos voltados para a pesquisa experimental e a saúde pública. "Seus trabalhos originais foram realizados até 1916", diz o médico João Carlos Dias, consultor da Organização Mundial de Saúde para doença de Chagas. "A partir de então, ele só publicou revisões ou trabalhos em parcerias, por ter de se dedicar a essa outra carreira."

http://www.unificado.com.br/calendario/11/carlos_chagas.htm

http://www.vertentes.com.br/chagas/biop.htm

Cem anos de Carlos Chagas: uma parceria entre o espaço formal e não formal de ensino

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1878-1934), mais Conhecido como Carlos Chagas, foi uma das grandes personalidades da ciência brasileira, tanto pelo seu pioneirismo na área de saúde pública, como também pela sua descoberta do ciclo da doença de chagas, demonstrando que o barbeiro é o principal vetor do protozoário (Trypanosoma cruzi CHAGAS). Cabe destacar, que nesse ano de 2009 é comemorado o centenário da descoberta da doença de chagas (realizado em abril de 1909) e que essa data serve como grande incentivo para as atividades de divulgação e difusão científica, principalmente por ter uma função social preventiva para a população.

Sabe-se por meio de pesquisa, que os cientistas brasileiros são pouco conhecidos pela população, pois em entrevista feita pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, a população identificou apenas alguns poucos cientistas, que possuem uma maior projeção nos meios de comunicação. Dentre eles destacam-se: Oswaldo Cruz (36%), Santos Dumont (32%), Cesar Lattes (4%) e Marcelo Gleizer (3%) (Panella, 2004). Apesar de Carlos Chagas (8%) ter sido citado na pesquisa como uma das personalidades, sua representatividade ainda pode ser considerada tímida, principalmente em relação à importância do conhecimento de sua descoberta para a população brasileira.

Desta forma pretende-se neste trabalho apresentar a história de Carlos Chagas e suas descobertas, através de diversas atividades a serem realizadas em uma turma do ensino fundamental, de uma escola pública da Zona Sul do Rio de Janeiro, a Escola Municipal Vital Brasil, e este blog servirá de espaço para a divulgação de todas as etapas do projeto.

Além disso, pretende-se estimular uma reflexão sobre o enriquecimento que as parcerias entre espaços formais e não formais propiciam ao estudante, ampliando suas experiências e conhecimentos, tornando sua aprendizagem mais prazerosa e dinâmica. Pois o ensino em sala de aula é classificado como espaços de educação formal[1] e pretende-se neste projeto desenvolver atividades ligadas ao ensino não formal, principalmente por utilizar mídias e ferramentas típicas da divulgação científica como exposição, peça teatral, apresentação de materiais áudio-visual entre outros recursos.


[1] A autora Martha Marandino explora as diferenças entre a definição de educação formal e não – formal onde os museus estariam contemplados. “(...) os museus vêm sendo caracterizados como locais que possuem uma forma própria de desenvolver sua dimensão educativa. Identificados como espaços de educação não-formal, essa caracterização busca diferenciá-los das experiências formais de educação, como aquelas desenvolvidas na escola, e das experiências informais, geralmente associadas ao âmbito da família” (Marandino, 2008).